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29 de novembro de 2016
Trump e o agronegócio brasileiro
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POR CNA

Muita apreensão acompanhou a surpreendente eleição do republicano Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. A preocupação está fundada nas ideias e propostas difundidas durante a campanha eleitoral, a maioria delas eivadas de protecionismo e tendências isolacionistas. O candidato manifestou clara aversão ao processo de globalização da economia e a aos blocos comerciais internacionais.

Essas preocupações chegam ao Brasil que tem, no grande país do norte, um velho parceiro. Estados Unidos foi o primeiro país a reconhecer a independência brasileira e tem mantido exitosos programas de cooperação em várias áreas. O fato de o Brasil ter tido embates na Organização Mundial do Comércio, onde questionou o subsídio norte-americano ao algodão e saiu-se vitorioso, não muda esse cenário.

O que vem pela frente é incerto, não só pelas promessas radicais de campanha, mas, sobretudo, pela absoluta falta de experiência política do novo presidente. Apesar de tudo, sou otimista e acredito que o Brasil continuará sendo um parceiro estratégico. A relação comercial é superavitária para os norte-americanos em mais de US$ 2 bilhões. O Brasil nunca gerou ondas migratórias, não abrigou terrorista, não praticou comércio desleal, enfim, está no radar dos ianques como aliado. E tem um grande fator em comum: é uma democracia consolidada.

É provável, porém, que haverá ímpeto mais forte no ambiente internacional de negócios, regras protecionistas ao agronegócio americano e agressividade para a expansão de mercados. Se Trump adotar essa linha protecionista e, eventualmente, não reconhecer os tratados dos quais os EUA são signatários, com o Nafta, Otan e Parceria Transpacífico, pode acabar criando uma grande oportunidade para o Brasil. Aproximar-nos cada vez mais da China, Ásia, Oriente Médio, México, países africanos, paises latino-americanos, assim como a Europa, será a nossa saída.

Temos muita competência no agronegócio – especialmente em carnes, lácteos, grãos e frutas – e capacidade de disputar mercados, apesar das deficiências infraestruturais, custos elevados e excesso de tributos. Por isso não tememos  os novos tempos. Que venha a “Era Trump”.